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terça-feira, 19 de abril de 2011

Quando o uniforme ficou para trás


Boa tarde a todos!
Hoje estou meio nostálgica. Senti saudade de ouvir Spice Girls e, se não estivesse agora no trabalho, certamente estaria ouvindo, cantando e dançando seus sucessos, talvez até lembrando as coreografias.
Em meio a essa lembrança musical, outra, mais cotidiana, me surgiu há pouco. De vez em quando essa ocasião me volta à memória e creio que, por ser tão recorrente, é digna de registro.
Nunca gostei de uniformes escolares. Nem mesmo na infância me sentia feliz dentro de um. A escola na qual passei meus últimos cinco anos de vida escolar nem tinha um uniforme tão feio: era calça ou bermuda jeans com a blusa do colégio, durante quatro anos azul e, no último, cinza. Mas, não tinha jeito: eu não gostava de uniforme.
Tive um professor e diretor, também na última escola em que estudei, que dizia que o uniforme identifica os estudantes, faz com que se saiba, em qualquer lugar onde se encontrem, que estão na condição de alunos. Sei que ele estava certo, sei que um uniforme escolar ou profissional é um elemento de identificação, mas, mesmo já sabendo disso àquela época (em 2001), meu sonho era chegar ao terceiro ano do Ensino Médio, pois a rede à qual minha escola pertencia liberava os alunos dessa série para usarem suas próprias roupas.
E assim fui, feliz da vida, no fim de 2003, doar minhas antigas blusas de uniforme, afinal, no ano seguinte elas já não seriam mais necessárias, certo? Infelizmente, não. Em 2004, justamente quando eu cheguei à série na qual não havia a obrigatoriedade do uso do uniforme até o ano anterior, tal obrigatoriedade passou a existir (sim, Murphy tem uma atração irresistível pela minha pessoa).
É claro que, na adolescência, as garotas não ficavam todas iguais quando usavam o uniforme. A escola era liberal e nós usávamos acessórios para dar um pouco mais de “vida” àquele azul monocromático e, depois, ao cinza tão neutro.
Como era ano de vestibular, 2004 passou como um sopro. Quando menos se esperou, era chegado o momento de choradeira na sala dos professores, choradeira nas últimas aulas do professores mais queridos, rememorações de episódios felizes entre os colegas que tinham virado amigos... Tínhamos prova, quinta prova se necessário, etapas do vestibular ainda por fazer, mas, na verdade, o fim do último ano no colégio, quando chegou, mexeu com todo mundo.
As aulas acabaram, todo mundo passou na quinta prova, a festa de formatura foi maravilhosa (com destaque para o discurso emocionado da oradora da minha unidade, loura e muito magra à época, na filmagem parecia só ter dentes!) e as provas do vestibular também foram se aproximando do fim, acabando definitivamente em janeiro de 2005.
Em fevereiro de 2005, meu resultado: aprovada em História na UFRJ, para começar a estudar no segundo semestre. Com isso, em março voltei para a casa da minha mãe, no ES, onde permaneci até o final de maio. Nessa viagem, então, longe das provas e cobranças do vestibular, já com a minha vaga na universidade garantida, pude respirar fundo e me dar conta da mudança que já havia se iniciado.
Cheguei à cidade de Cachoeiro de Itapemirim em um dia qualquer da semana, bem cedo. Fui da rodoviária para o Centro a pé, pois é próximo e eu gosto de contemplar cada pedacinho da cidade que me adotou e da região onde vivi minha infância. Às 6 da manhã parei para ver e ouvir os sinos da Catedral de São Pedro, minha eterna igreja, e depois fui em direção ao ponto de ônibus, de onde seguiria para a casa da minha avó materna.
Enquanto esperava o transporte, que demorou bastante, vi a cidade acordando: os primeiros comerciários chegando para arrumar as lojas antes de abri-las ao público, fluxo de carros aumentando na principal via do Centro, alunos a caminho da escola. Naquela região, com tantos colégios próximos, era grande o movimento de adolescentes que carregavam mochilas, pastas e se vestiam iguais aos outros de seus grupos, todos de uniforme.
Foi ali, naquele momento, que eu, que nunca gostei de uniformes escolares, me dei conta, quase quatro meses depois, de que eu nunca mais usaria um daqueles. Aquela fase, para mim, havia acabado.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Brioches e novidadades hi-tech


Boa tarde a todos! Ando sumida e a justificativa é a de sempre: muitas atividades que ocupam todo o meu tempo. Porém, nunca me esqueço desse espaço e hoje, depois da minha última postagem resultante de uma inspiração instantânea, trago a vocês algo que me ocorreu há algum tempo, bem antes do texto sobre o Tiririca.
É conhecida a história de que, na Roma antiga, o governo proporcionava “panis et circensis” (pão e circo) à população. Com os estômagos cheios e distraídos por lutas de gladiadores, acreditava-se que os indivíduos desfavorecidos socialmente não se levantariam contra o império, que assim continuava sua política de opressão dos mais fracos.
Os tempos são outros, os espetáculos são outros, mas a opressão ainda é a mesma. Em alguns lugares do mundo ela é exercida por governos; em todos, por indivíduos sobre outros que se encontram em situações menos favoráveis.
O que ocorre é que há momentos em que o oprimido começa a deixar a sua condição de desfavorecido e começa a galgar alguma posição de igualdade perante seu opressor. Certo de que o opressor se sente ameaçado pela sua ascensão, ele precisa se proteger. O que fazer? Armar-se? Vingar-se? Desgastar-se com retaliações que, no fim, só conseguem deixar exausto quem as conduziu e nem sempre derrubam o adversário?
Não... é preciso pensar numa estratégia melhor... E eis que a ideia do pão e circo retorna, milênios depois, agora reformulada e adequada aos novos tempos.
Popularmente se afirma que a rainha Maria Antonieta, da França, proferiu a seguinte frase ao ser questionada sobre a falta de víveres atravessada pela população mais pobre de seu país: “Se não têm pão, que comam brioches!”. Embora os estudiosos levantem a hipótese de que isso nunca foi dito, os brioches caem muito bem no contexto atual. Sim, porque o opressor já tem pão, não está morrendo de fome (ao contrário, dir-se-ia até que se alimenta muito bem), mas adora aqueles “mimos” alimentares que não entram na lista de compras. Por que não dar-lhes esse prazer? Doces, salgados, coisinhas diferentes que alegram o paladar e os fazem esquecer de algumas amarguras da vida...
As formas de entretenimento também mudaram e lutas de gladiadores, definitivamente, não animam nem naquela superprodução de Ridley Scott... Mas existem dispositivos eletrônicos que encantam, entre computadores, câmeras e aparelhos de reprodução de arquivos, que certamente deixarão qualquer um feliz. Então, mostrem suas aquisições tecnológicas, compartilhem seus arquivos e todas as novidades às quais tiverem acesso. Vão achar que vocês estão “dando certo” e, talvez, com o estômago cheio de delícias e a mente distraída com os recentes lançamentos tecnológicos, esqueçam-se de perturbar a paz alheia.