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quarta-feira, 30 de março de 2011

Atenção à profecia

Boa tarde a todos! Ando sumida, eu sei. Minhas múltiplas funções têm me deixado bastante ocupada, mas não me esqueci de vocês. Várias ideias surgiram desde o último post e, curiosamente, o que eu escrevo agora nada tem a ver com nenhuma delas.
Ontem eu me lembrava de uma conversa entre amigos (daqueles beeem antigos, do tempo de colégio) lá pelos idos de 2007, na qual uma das meninas, muito antenada ao universo cultural, proferiu o seguinte: “Não vai me surpreender que daqui a dez anos o Tiririca seja cult”.
Bem, o que aconteceu de lá para cá é história, mostrada à exaustão pelos noticiários do país afora e comentada por todos. Hoje todo mundo sabe que o cidadão Francisco Everardo Oliveira Silva foi o deputado federal mais votado do Brasil nas últimas eleições. Entre suspeitas de analfabetismo e provas para refutar tal acusação, o palhaço Tiririca chegou lá.
Porém, não é sobre a recente trajetória política de Francisco Everardo que quero falar aqui. Como muitos dos que lêem esse post, lembro-me nitidamente do ano de 1996: os Mamonas Assassinas acabavam de morrer e nos deixar órfãos do seu besteirol bem-humorado, estávamos todos tristes quando, de repente, surgiu no rádio uma canção que dizia mais ou menos assim:

“Florentina, Florentina
 Florentina de Jesus
 Não sei se tu me amas
 Pra que tu me seduz?”

Eu tinha 8 para 9 anos e nunca iria ligar para a falta de concordância verbo-nominal da letra: simplesmente me divertia. A repetição do refrão animava as crianças, que aprendiam toda a letra e cantavam em suas brincadeiras, em casa, na escola... Lembro de um primo, à época filho único (como eu também havia sido e deixava de ser exatamente naquele ano), que aprendeu a imitar a coreografia da música e os trejeitos do humorista e, anos mais tarde, me fez a seguinte confissão: “Eu aprendi a fazer bobeira com o Tiririca”. O sucesso do comediante cantor foi estrondoso, ele aparecia em todos os programas de televisão, vendeu milhões de cópias e arrastava multidões para suas apresentações, normalmente pais que levavam seus filhos.
Depois, ainda naquele ano, veio o processo movido por uma juíza contra o artista, que entendia como ofensivos os versos da música “Veja os cabelos dela”. A letra em questão falava de uma mulher que não tomava banho e cujos cabelos pareciam “Bombril de arear panela”. Até aí, nada que não se esperasse no trabalho de um humorista, mas o que pegava era que ele se referia à mulher como “essa nega”. Depois de muita polêmica (numa época em que discurso politicamente correto não era moda), a faixa do CD com essa música foi removida, lembro de vê-lo circular com uma tarja de explicação em volta da capa. Mas Tiririca deu a volta por cima e conseguiu, no segundo CD, emplacar os sucessos “Padroeiro do Ceará” (João não, mamãe! João não, mamãe!) e “Um amigo é pra acudir o outro” (irreproduzível aqui, mas que trata de uma grande verdade: a importância que a amizade tem na nossa vida, independentemente dos defeitos que nossos amigos possam carregar).
Nos anos seguintes veio a fase de afastamento: deixou de gravar, soube-se que voltou a ficar pobre e trabalhou em diversos programas humorísticos na televisão. E assim foi até que, de repente: “22, 22, Tiririca federal”! Seguindo o caminho de muita gente que viveu o auge da fama e amargava dias difíceis, Tiririca aderiu à política com um slogan magistral: “Vote em Tiririca; pior que tá não fica!”. Resultado? Ah, esse vocês já sabem...
Mas, por que isso tudo me veio à cabeça agora? É simples: ontem, ao abrir a página inicial do Yahoo, deparei com o anúncio do “Jogo do Tiririca”, um aplicativo virtual que reproduz sua “epopeia” do Ceará até Brasília (antes que me perguntem, eu não joguei, tá bom?). E assim, de repente, o palhaço que fez muita criança cair na gargalhada e andava esquecido até a última campanha eleitoral vira personagem de jogo, tema de mensagens que circulam por e-mail, pauta para matérias jornalísticas... Queria saber se alguém ainda tem um CD do Tiririca, pois creio que seja uma raridade.
A amiga tinha razão, o erro foi apenas de cálculo. Menos de dez anos depois, acreditem, o Tiririca já é cult.

domingo, 20 de março de 2011

Onde o tempo parou

Boa noite!
Dias corridos numa cidade grande (que eu adoro) às vezes nos trazem a enorme vontade de nos refugiarmos por uns dias em algum lugar menor, mais tranquilo.
No Carnaval estive em Petrópolis, na região serrana. Lugar lindo, aconchegante, mas já dotado de muito progresso, com todos os confortos existentes nas cidades grandes.
Foi então que me lembrei de uma cidadezinha que visitei em 1998, terra natal de uma grande amiga da minha mãe. Trata-se de Dores do Rio Preto, na divisa do Espírito Santo com Minas Gerais. Lá, pode-se mudar de estado várias vezes por dia, basta atravessar uma pequena ponte.
O Espírito Santo, estado no qual passei minha infância e onde moram minha mãe e irmãos, é cheio de pequenas cidades. O núcleo urbano de Atílio Vivácqua, município no qual reside minha mãe (na zona rural) também é bem pequeno, assim como outras cidades da região. Casas antigas, algumas bem grandes e cheias de requintes da época em que foram construídas, outras mais modestas, dividem o espaço com o progresso que chega aos poucos: policlínica, hospital com maternidade, mini-shopping...
Quando fui a Dores do Rio Preto, com 10 para 11 anos, morava em Cachoeiro de Itapemirim, que é um centro regional, apesar de nem ser uma cidade tão grande. Quando cheguei lá, apesar da pouca idade que contava na época, me surpreendi com alguns aspectos da cidade, dos quais não me esqueci até hoje.
A primeira coisa que me chamou a atenção foi que a cidade só tinha três ruas: a avenida principal, com as casas antigas, praças, igreja, prefeitura, escola, bares e lojas; a “rua de trás”, com as casas dos habitantes de maior poder aquisitivo; e o “morro”, onde se encontravam as casas mais simples. Na avenida principal existia até uma farmácia cujo nome, na placa, era escrito com “ph”!
Outro detalhe marcante foi a televisão na praça. Naquela cidade, por volta das 18h, alguns moradores se reuniam em uma praça para assistir às novelas e telejornais. Na época achei curioso, nunca tinha visto aquilo na vida. Hoje, entendo da seguinte forma: aqueles que iam até a praça assistir televisão não necessariamente não possuíam o aparelho em casa, mas, numa cidade onde pouco havia para se fazer, encontrar os vizinhos (sim, porque numa cidade de três ruas todo mundo é vizinho) para bater papo na praça e, ao mesmo tempo acompanhar novelas e notícias não deixava de ser uma forma de distração, um lazer.
Agora, creio que o que mais me marcou naquela viagem foram as brincadeiras das crianças (lembrando que eu também era criança na época). As primas menores da tal amiga da minha mãe e suas amigas da vizinhança jogavam queimado (a) com bola de meia! Na rua onde eu brincava em Cachoeiro, as crianças tinham bolas de borracha ou de couro sintético, e de repente eu estava brincando com uma de meia! Foi, sem dúvida, uma experiência interessante conviver aqueles quatro dias com uma realidade bem diferente da que eu estava acostumada, com brincadeiras e hábitos antigos.
Tenho vontade de retornar a Dores do Rio Preto, também conhecida por seus habitantes como “Divisa” (o primeiro nome da cidade foi Vila Divisa). As meninas com quem brinquei lá hoje são todas casadas, mães. Algumas se mudaram de lá. Soube de gente que atravessou a ponte e foi fazer faculdade. A velha avó da amiga da minha mãe já descansou, faleceu com mais de 90 anos, depois de ter criado muitos filhos e netos e ter conhecido um número razoável de bisnetos também.
Soube através da internet que hoje já existe hospedagem no sistema Cama e Café por lá. Também soube que ainda existe o balneário “Tô à toa”, um bar em cujo terreno existe uma pequena cascata cujas águas caem numa espécie de piscina de cimento e que, na época, fazia a alegria das crianças. Quem sabe eu não vá até lá quando tiver férias, para descobrir o que mudou e o que continua igual, naquele lugar onde me pareceu que o tempo parou?

quarta-feira, 16 de março de 2011

Comprando leveza no varejo

Boa tarde a todos!
Estive ausente por alguns dias. Muita correria, acreditem. Casamento de amiga do colégio, início da pós (que ainda não começou devido à falta de energia na universidade, mas isso já é assunto para outro post), trabalho que acumulou devido a um dia inteiro sem internet... Enfim, acho que já me justifiquei o suficiente, todo mundo tem seus compromissos e é capaz, ou deveria ser, de entender os dos outros.
Hoje eu quero falar sobre uma coisa que anda em falta no atacado: leveza. Parece estranho? É mesmo. Um estado de espírito tão necessário e, infelizmente, muito escasso, até para mim.
Precisamos de mais leveza, fluidez, pois a vida já é pesada demais. Ficamos presos a resultados que podem ou não chegar e nos esquecemos de cuidar melhor de nós mesmos. Aprendemos desde a infância a atender às expectativas alheias e, quando percebemos, estamos mecânicos, rígidos e sem atitude. Por isso precisamos de alguns momentos mais leves.
É uma coisa que cada um deve buscar por si, ninguém chega oferecendo leveza a outros. Oferecem, sim, um turbilhão de cobranças: querem ver nosso diploma, nossa carreira, nossos bens, nossas alianças, e em nenhum momento nos perguntam se ficaríamos felizes com tais conquistas. Ao contrário, dizem assim: “Fiquei feliz porque você passou de ano/no vestibular/no concurso!”; ou “Fiquei feliz porque você se casou/ficou noivo (a)/está namorando!”; ou, ainda: “Fiquei feliz porque você comprou seu carro/sua casa/seus móveis/ou qualquer coisa do gênero!”. Antes de dividirem toda essa felicidade, as perguntas são assim: “O que você vai fazer da sua vida?”; “Quando vai se formar?”; “Como estão suas notas?”; “Já arrumou emprego?”; “Quanto vai ganhar no novo trabalho?”; “Está namorando há quanto tempo? Vai se casar quando?”. Bombardeiam os outros com todas essas cobranças, é claro, porque os resultados delas podem trazer felicidade para todos, não é mesmo?
E assim, vivemos atrás de notas, diplomas, salários, aquisições, e nunca sobra tempo para coisas simples que nos fazem um bem enorme. Cada um tem algo que gosta mais de fazer, e deve reservar algum momento para isso. É importante, bom para a saúde. Quando descansamos a mente, as sensações se propagam pelo organismo inteiro. Quando fazemos algo que nos deixa feliz, rendemos melhor nos nossos trabalhos e outras obrigações.
Coloquemos mais leveza na nossa vida. As cobranças não deixarão de existir, mas, quando estivermos leves, elas servirão para nos impulsionar, não mais oprimir. E como não existe leveza no atacado, que tal começar a comprar no varejo: aquela pequena distração, aqueles curtos momentos com aquela única companhia... Experimentemos. Creio que os resultados serão surpreendentes!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Algumas explicações devidas

Boa tarde!
Depois de um início de mês bem corrido e de um devido descanso no carnaval (três dias inteiros longe de computadores, internet, sinal de celular ou algo que o valha), abro as postagens de março explicando algo que vem sendo questionado desde que inaugurei esse blog, em janeiro.
Nesses dois meses no ar, houve quem questionasse o conteúdo pessoal das minhas postagens. Por que não escrever textos sobre política, ou sobre a atualidade internacional? Houve quem sentiu falta de “vôos mais altos” (eu desconfio que “vôo” não tem mais acento, mas estou com uma enorme preguiça de verificar isso agora...), segundo me foi dito. Esperavam conteúdo profissional nos textos.
Entretanto, deixei bem claro na minha primeira postagem, “Boas vindas”, que o Espaço da Ruivinha não traria conteúdo de trabalho. O motivo? Simples: não criei o blog com esse objetivo. As utilidades que eu posso produzir já possuem seu próprio ambiente, não havia necessidade de criar mais um. Por outro lado, sentia falta de um canal para escrever aquilo que nem sempre tenho oportunidade ou ambiente para expressar (e isso também foi dito lá no primeiro post). É claro que, às vezes, surgem ideias para comentários que remetem à área profissional, como no último post. Estou no mundo, o que acontece nele me interessa, e muito, mas esse não é o foco do blog.
A Emília séria, útil e com cara de boazinha, que trata com cordialidade aqueles que muito já tentaram lhe prejudicar e hoje fingem que não houve nada, essa, todo mundo está cansado de ver. O que poucos sabem é que existe uma outra Emília que brinca, fala besteira, gosta de roupas e acessórios, adora maquiagem e também pensa coisas ditas “ruins”. Poucos conhecem a Emília que contempla a paisagem sorrindo, que é a mesma que tem rompantes de revolta. Ela é batalhadora, guerreira, mas isso todo mundo já sabe; no entanto, será que alguém já parou para pensar que ela também se cansa, também sofre, grita, pula, dança, “viaja” em seus pensamentos e nem sempre está tão preocupada assim com o que os outros vão dizer?
Foi por isso que eu criei esse blog. A “Ruivinha” não é uma personagem, um alter-ego. Sua identidade é apenas um recurso utilizado por uma Emília que quer, ainda que só na frente do computador, mais leveza e menos cobrança. Existem milhares, milhões de páginas com tudo o que se pensar de utilidade por aí, certamente haverá alguma que atenda ao que estão vindo buscar indevidamente aqui. Não estou em busca de meio milhão de acessos a cada dois dias, nem esperando que todo mundo goste, aprove ou ache lindo o que eu escrevo. Críticas são bem-vindas.
E como falei de leveza acima, adianto que, possivelmente, esse será o assunto do próximo post. Bom resto de semana a todos.