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quarta-feira, 1 de junho de 2011

O armário da suposta fé

Bom dia a todos!
Junho começa e eu, logo no primeiro dia, já tive inspiração para escrever esse post. Não pretendo, com ele, criar nenhuma polêmica, embora o assunto seja um tanto espinhoso.
Existem pessoas incapazes de admitir para si mesmas o que sentem, sobretudo quando se tratam de sentimentos ditos “ruins”. Normalmente, isso acontece porque, ao longo da vida, elas se deixaram guiar por chamados princípios religiosos aos quais, conscientemente, dizem obedecer. Querem mostrar para todos que são boas pessoas, trabalhadores exemplares, pais e mães de família, bons filhos, bons pagadores e acham que isso basta, que com isso seu lugar no céu está garantido. Acreditam que, se possuírem maus sentimentos, serão castigados por Deus ou por qualquer outra força maior em que acreditem e, obviamente, temem esse castigo.
Acontece que ninguém é perfeito. Tenha a pessoa recebido formação religiosa ou não, independentemente de se comportar como aquilo a que socialmente convém chamar de uma “pessoa de bem”, os chamados maus sentimentos existem e estão dentro de todos nós.  
O que se vê, então, são pessoas infelizes, frustradas, quase se matando de inveja de quem nem  tem tanto mais assim do que elas. Começam a fazer pré-julgamentos, juízos de valor. Dizem que o outro é metido, esnobe, arrogante; posam de simples e humildes, mas, na verdade, adorariam estar no lugar do outro.
Essas pessoas são dignas de pena, pois o tempo que perdem lançando maus olhares sobre as conquistas e, por vezes, as habilidades alheias, seria muito melhor aproveitado se fosse dedicado à contemplação das próprias conquistas, aos esforços para aumentar as mesmas e ao aprimoramento das próprias habilidades. Contudo, elas são incapazes de perceber isso porque, como são “pessoas de bem”, enganam-se dizendo que não possuem inveja.
Com isso, em nome de ideias que lhes foram transmitidas como dogmas, escritas sabe-se lá quando, por sabe-se lá quem, as pessoas não admitem para si mesmas que aquilo que lhes incomoda nos outros é o que elas queriam ter para elas. Recorrem aos seres superiores em que acreditam para destruir a felicidade dos outros e acham que fazem isso em nome de um bem maior, o delas, é claro. Esquecem-se que o telhado de suas casas é feito do mesmo vidro que o dos outros, e que a pedra que lançam para punir os “errados” um dia pode ser jogada com melhor pontaria, quebrar o telhado num ponto qualquer e atingir de forma certeira e mortal a cabeça de um “certinho” qualquer dentro do seu suposto lar bem construído de pessoa honesta (mas, certamente, menos confortável que o do outro).
Seria muito melhor se essas pessoas admitissem para si mesmas o que as incomoda. Não gostar de algo ou alguém é normal e, desde que a boa convivência seja priorizada, não há mal nenhum nisso. Agora, colocar nos outros a culpa pelas suas frustrações e, pior ainda, não admitir isso, é, sim, muito grave. Por que não sair do armário da suposta fé que lhes ensinaram a professar e, em caso de desejar ter o que o outro tem, arregaçar as mangas para conseguir pelos próprios méritos, em vez de desejar e conspirar para que o outro perca aquilo que, com certeza, não veio para ele de graça?

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