Boa
tarde, queridos leitores!
Fico
feliz por já ter meu segundo post do ano bem agora, no início de fevereiro.
Quem sabe se esse não vai ser o ano em que ficarei mais regular com o conteúdo,
hein?
No
último domingo, dia 3 de fevereiro, o jornal O Globo publicou, em sua revista,
uma matéria especial sobre a cidade de Cachoeiro de Itapemirim, berço de um
número considerável de personalidades de fama nacional, e que está em foco
devido ao centenário de um de seus filhos mais ilustres, o poeta e cronista
Rubem Braga, em 2013. A reportagem falava sobre como a cidade dá pouco valor à
memória de seus filhos ilustres, contando apenas com pequenas iniciativas
culturais que, ainda assim, não se dedicam a todos eles.
Confesso
que não gostei muito da matéria, não pelo texto em si, mas por terem retratado
a cidade como se fosse um pequeno povoado, e não o centro regional que ela
realmente é. Com isso, me lembrei de quando vim morar no Rio, há quase 14 anos,
e algumas pessoas me diziam para esquecer minha cidade, diziam o tempo todo que
eu não estava lá (como se isso já não fosse óbvio), ridicularizavam
comportamentos que diziam ser coisas de “gente de Cachoeiro” e a própria
cidade.
A
sorte é que não permiti que roubassem meu passado. É claro que os custos da
evolução envolvem alguns fingimentos, às vezes é necessário parecer aquilo que
agrada para assegurar os benefícios que nos farão maiores no futuro, mas, na
verdade, nunca me esqueci da minha cidade, nem nunca a coloquei em lugar de
menos destaque na minha memória afetiva. Tanto que, assim que entrei na
universidade, meu primeiro projeto era o de fazer um levantamento dos seus
locais históricos e essa pesquisa só não vingou porque mudei de tema ao longo
do curso.
Nunca
serei capaz de ridicularizar o lugar ao qual eu devo tudo o que sou, onde
passei minha infância e espalhei gotas do meu sangue, sal das minhas lágrimas e
pedaços da minha pele na rua onde tanto brinquei de pique e andei de patins;
onde imóveis de pé evocam memórias de tempos que não voltam e saudades eternas
de pessoas queridas que se foram; onde vivi tantas primeiras experiências
(algumas, inclusive, depois de não morar mais lá, quando estava apenas de
passagem durante as férias). Ao contrário, a cada visita, gosto de observar o
crescimento da cidade, as novas lojas de grandes franquias que por lá se
instalam; o desenvolvimento da infraestrutura de ensino, com novos cursos e
instituições que chegam, ano após ano; as modificações na paisagem da cidade,
cada vez mais cheia de casas e prédios modernos.
Não
gosto do rótulo “Capital Secreta do Mundo” que os cachoeirenses adoram usar
quando lhes convém (aliás, na tal matéria do jornal O Globo, descobri que o
termo foi cunhado por meu ídolo, Vinícius de Moraes, cujo centenário também é
comemorado em 2013). Não gosto de alimentar falsas expectativas em visitantes
desavisados: a cidade é (MUITO) quente, o ar é péssimo e o povo é, sim,
provinciano até dizer chega! Os bares fecham às 23h e, se você precisar comprar
o quer que seja num dia de sábado, corra, porque nada funciona após as 13 ou
14h. Almoço nos fins de semana pode ser mais tarde? Esqueçam. Nenhum restaurante
fica aberto para almoço depois das 15h.
Nasci
no Rio, fui morar no Espírito Santo quando tinha meses de vida e, em Cachoeiro,
antes de completar quatro anos de idade. Sempre que vou até lá, a saída da
cidade na viagem de volta para o Rio me faz pensar no quanto eu devo àquele lugar. Acredito que somos para sempre o que aprendemos a ser na infância e, se
é assim, sou cachoeirense com muito, mas muito orgulho. Não porque aquela é a
cidade de Rubem Braga, Newton Braga, Roberto Carlos, Jece Valadão, Darlene
Glória, Luz Del Fuego, Carlos Imperial, Sérgio Sampaio, Raul Sampaio, e também
de grandes acadêmicos como Sérgio Bermudes e Michel Misse. Mas, sim, porque
aquela é a minha cidade.
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