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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ao guerreiro da galáxia distante

Bom dia (quase boa tarde) a todos!
A sensação de dejà-vu ao pensar em escrever sobre Star Wars é imensa. Num dos meus antigos blogs houve um post sobre o mesmo tema, lá por volta de 2003, quando assisti, pela TV, ao episódio II (O ataque dos clones).
Sempre gostei da saga e a minha identificação com Anakin Skywalker começou no episódio I (A ameaça fantasma). Quando chegou o episódio II, mais me identifiquei com o grande personagem, e até o episódio III (A vingança dos Sith) foram vários os textos, em prosa e verso, que escrevi discorrendo sobre nossas semelhanças.
Há alguns dias, depois de muito tempo sem assistir os filmes, deparei com o episódio II passando em um canal de TV por assinatura. Imediatamente parei o que estava fazendo para ver o filme, que já estava pelo meio. Como sempre, as comparações inevitáveis com a minha história voltaram à minha cabeça durante e depois da exibição.
Hoje tenho mais idade que o jovem atormentado do episódio II, e agora, mais do que nunca (e com a saga completa), imagino como ele devia se sentir com tudo o que estava passando. Por isso, se eu pudesse me transportar no tempo e no espaço (lembrando que a história dele ocorreu há muito tempo, numa galáxia distante) para dizer alguma coisa a quem estava naquela situação, diria algo mais ou menos assim:

“Jovem guerreiro atormentado,

Sou alguém com a história muito parecida com a sua. O tempo e o espaço nos separam, mas entendo como você se sente e gostaria de lhe dizer algumas coisas.
Você não deve se punir por não conseguir salvar sua mãe. Ela cumpriu o destino que a ela estava reservado, e você fez a sua parte de outra forma: seguiu seu caminho, teve a coragem de deixá-la ainda tão criança para buscar o que era melhor, e isso certamente foi, para ela, muito mais importante do que qualquer outra ajuda que pudessem esperar de você.
Entendo sua insatisfação com as limitações que lhe são impostas pela Academia Jedi.  Dizem que você deve ser grato, pois são seus mestres e lhe deram as bases para o que você está se tornando. OK, não há nem o que discutir quanto a isso, mas eles precisam entender que você não tem mais nove anos! Você cresceu, tem idéias próprias e quer realizá-las, certo? Não se culpe se, às vezes, suas idéias não funcionam na prática: ninguém é obrigado a acertar tudo o tempo todo, mas é necessário ter o direito à tentativa. Não se acomode, pois um dia você será reconhecido, nem que para isso seja necessário mudar de lado.
Entenda que eu não o estou incitando a mudar para o Lado Negro da Força (embora eu saiba que vai chegar um momento em que essa mudança será inevitável, já que você precisará dela para cumprir a profecia, mas não quero falar do futuro). Apenas me solidarizo com a sua situação. Aqui na Terra existem instituições que procuram preservar tradições seculares e não percebem, ou fingem não perceber, que com isso só afastam seus seguidores e colaboradores.
Vocês, Jedis, não podem viver relações amorosas? Pois saiba que existe uma instituição muito poderosa no meu planeta que proíbe seus principais colaboradores de viverem algo assim por toda a vida. Sabe o que acontece aqui? Nas melhores hipóteses eles vivem relações ilícitas (como a que você irá viver ainda neste filme, porém, mais uma vez, não quero falar do futuro); nas piores, atacam crianças ou jovens sem as devidas condições físicas ou psíquicas de defesa. Não seria muito melhor reformular os próprios códigos?
Lute, mas lute sempre pelo que você deseja. Queira o que é melhor, é seu direito, como é o de todos. Não sei como isso pode ser visto onde você está; aqui na Terra costumam chamar de esnobismo, arrogância, mania de grandeza, nariz em pé... Sim, jovem guerreiro, aqui também se sofre por gostar do que é bom e querer aproveitar as boas coisas da vida. Sempre existe alguém disposto a tolher nossos interesses. Dizem que só querem nos colocar no nosso lugar, nos trazer para a realidade, são incapazes de enxergar o pesadelo em que vivem e não entendem que o desejo de mudança é natural. Isso é tão óbvio que, há algumas décadas, um grupo de jovens ingleses ganhou fama mundial ao cantar “I can’t get no satisfaction!”. Por que será que o público aderiu tão bem a esses versos, que continuam sendo cantados tantos anos depois?
Em algum momento você precisará mostrar a que veio. É assim para todos, aqui na Terra também. A diferença, jovem guerreiro, é que nós, aqui, não podemos simplesmente apertar um botão e executar a Ordem 66 (novamente, falando do futuro!). Toda hora tem alguém nos dizendo o que fazer, ou como fazer, tentando nos empurrar garganta abaixo padrões ridículos dos quais não nos dão o direito de discordar. Por que não percebem, simplesmente, que as pessoas são únicas e possuem suas próprias formas de ver o mundo e conduzir seus negócios e suas relações? E que, desde que elas não agridam ou prejudiquem ninguém com seus atos, o que elas fazem é problema delas, e somente delas?
Vou me despedir, jovem guerreiro, e espero que minhas palavras o ajudem nas suas dúvidas. Você não está sozinho no universo.
Aqui na Terra também se acredita numa Força. Em cada lugar ela recebe um nome e um formato diferente, criam-lhe uma história diferente e fazem os que nascem depois acreditarem que são Forças diferentes. Assim, as gerações se sucedem e brigam, matam e destroem em nome da Força que crêem ser superior à do seu vizinho de fronteira. Como estão atrasados ao não perceberem que a Força de um e de outro, a que move o meu planeta, o seu e os demais é a mesma!
Ainda voltarei a falar com você, que não sai dos meus pensamentos cada vez que olho para a tela e lembro-me da minha história. Mas, por ora, desejo que fique bem, que realize seus planos e que a Força esteja com você.”

 Que a Força esteja com todos vocês, queridos leitores! Até o próximo post!

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