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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Crianças e suas mentes férteis

Boa tarde a todos!
Durante a semana que passou, peguei um resfriado horroroso, do qual ainda estou com alguns sintomas e, com isso, não tive muito ânimo para escrever depois do transtorno da terça-feira (v. post anterior). Contudo, ontem recebi uma mensagem, no Orkut, de uma amiga de infância que visitou esse blog dizendo que tinha gostado muito. Como essa pessoa foi co-protagonista de um dos momentos mais incríveis da minha infância, resolvi escrever hoje esse texto falando exatamente sobre isso: das ideias terríveis que surgem em cabeças infantis e que podem acabar mal, muito mal...
Há quem diga que Deus protege bêbados, loucos e crianças. Eu concordo e acrescento que essas últimas gozam de uma proteção pra lá de especial. Sei de histórias de gente que, quando criança, quase colocou fogo na casa (são histórias diferentes, mais de uma!), atravessou ruas movimentadas sozinho (e o sinal fechou na hora em que a pestinha soltou a mão da mãe), quase se afogou no mar, e tantos outros exemplos que precisariam de um post inteiro. Meu irmão, por exemplo, passou pelos vãos e ficou para o lado de fora da grade da área de serviço do apartamento onde morávamos, no terceiro andar. Minha irmã mais nova mastigou comigo-ninguém-pode, planta venenosa bastante conhecida. E hoje estão todos vivos, vendendo saúde e rindo muito de tudo o que aprontaram na infância.
Recentemente, ao ver uma criança quase pulando de uma marquise no meu trabalho, lembrei da minha grande aventura aos cinco anos. Minha mãe trabalhava fora e eu estudava pela manhã. À tarde ficava em casa com a empregada (a rotatividade das ocupantes desse posto era bem alta por minha causa, mas esse assunto fica para outro post), mas gostava mesmo era de ficar no meu quarto entretida com revistas e livros (sempre!). Contudo, chegava uma hora em que até isso cansava e, como boa criança que era, tinha que procurar outra atividade. Às vezes brincava com minhas bonecas ou outros brinquedos, às vezes voltava para o quarto da minha mãe e ligava a televisão, mas houve um dia em que nada disso bastou. Foi então que eu tive uma ideia brilhante...
A janela do meu quarto era grande e coberta por uma cortina que não chegava a tocar o chão. Lembro que gostava do barulho que ela fazia ao deslizar no trilho... Minha cama tinha sua cabeceira encostada na parede logo abaixo da janela, então, subi na cabeceira da cama e, dali, subi para a soleira da janela. Minha ideia era me agarrar bem à cortina e balançar no ar como o Tarzan, imaginava que seria incrível e que nenhuma outra criança jamais teria feito aquilo. Me afastei um pouco da cama, espaço suficiente para alguém de cinco anos considerar enorme, agarrei a cortina e fui, só faltava o grito do clássico personagem, pulei no ar com a expectativa de ir deslizando até a outra ponta da janela, mas, de repente... o trilho cedeu e fui parar no chão, segurando a cortina e sem concretizar minha nobre missão.
Até aqui, omiti o detalhe mais importante: na queda, bati com o pescoço na guarda da cama, o impacto abriu um corte no local e a região em volta ficou inchada. Hoje, acredito que, naquela ocasião, alguns milímetros me separaram de quebrar o pescoço, o que certamente deixaria seqüelas bem mais graves do que a cicatriz meio apagada que eu ainda tenho na nuca. Minha mãe, quando chegou, ficou apavorada e eu, com medo de apanhar (mas, como estava machucada, fui poupada daquela vez) e muito assustada com tudo o que tinha acontecido. Mas, também, que ideia foi essa, não?

***

A outra grande ideia que surgiu na minha mente de criança foi aos seis anos, quase sete. Minha mãe havia saído para fazer o cabelo e eu fiquei brincando em casa com uma coleguinha mais nova, vizinha e filha de uma velha amiga da minha mãe. Eu nunca fui de mexer nas coisas da minha mãe para brincar, mas, naquele dia, não sei por que razão, chamei essa amiguinha para brincar de salão de beleza, talvez inspirada pelo que minha mãe fazia naquele momento.
E lá fomos nós: eu, que era a mais velha, tinha que ser a cabeleireira, é claro. Logo eu, que não gostava de pentear nem meus próprios cabelos, naquele dia me esforçava para deixar minha “cliente” mais linda que todas as outras (as clientes imaginárias, que estavam esperando sua vez). Comecei escovando os cabelos, depois passei um lindo batom (vinho, da minha mãe), perfume (da minha mãe, também, metade do vidro, segundo ela conta) e, enfim, chegou o grande momento: com uma tesourinha de cortar unhas, cortei pequenas pontas do cabelo da minha amiga. Eram tão pequenas, para mim, que achei que ninguém repararia que eu havia cortado.
Mais tarde, quando a mãe foi buscá-la, a primeira pergunta que fez ao ver a filha no portão foi: “Quem cortou seu cabelo?!”. Como estávamos só as duas brincando, não tive nem para onde correr. Minha mãe logo ficou sabendo de tudo, e ainda brigou comigo porque eu havia estragado seu batom e acabado com seu perfume, mas o pior de tudo foi, dias depois, encontrar minha coleguinha com os cabelos cortados bem curtos, pois aquela havia sido a solução encontrada para igualar as pontas que eu cortei.
Dois resultados importantes ficaram dessa brincadeira: um, que eu nunca mais quis saber de brincadeiras que envolvessem coisas de beleza; outro, que a amiga que teve os cabelos reduzidos por minha causa diz que eu lhe causei um trauma na infância e, por isso, nunca me esqueceu.

2 comentários:

  1. Eu tenho a obrigação de postar um comentário aqui. Primeiro porque eu fui a vítima desse fato mórbido acima comentado. E segundo que, meu bem, você não cortou apenas as pontinhas do meu cabelo. Nãão, você ACABOU com a minha vida kkkkkkkkk Se você não se lembra, minha mãe se lembra perfeitamente que você picotou a minha franja e eliminou TODOS os meus cachos.
    E hoje, senhorita, meu cabelo tá horrível por SUA culpa. Foi ótimo você escrever esse texto, porque agora eu vou te colocar na justiça kkkkkkkkkkkkkkk
    Ai ai, estou brincando. Adorei o texto. Gostei mais ainda de relembrar a tragédia que foi isso (paradoxo). Obrigada pro dedicá-lo a mim.
    Saudades.
    Beijos,
    Brunella.

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  2. Bem, Brunella, se vc leu a primeira parte do texto, deve ter percebido o quão terrível eu já era antes mesmo de conhecer vc... O que mudou foi que antes eu quase quebrei o MEU pescoço, não o dos outros... E tbm que eu nunca inventei de cortar meu próprio cabelo...rs...

    A propósito: seu cabelo não é horrível, tá?
    Beijos!

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