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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"Eu vou de escada pra elevar a dor"

Boa tarde a todos!

O fim de semana foi agitado e por isso não passei por aqui, mas, como não sou capaz de abandoná-los, nem de abandonar o blog que resolvi levar a sério, aqui estou novamente.
Como meu senso de revolta com instituições públicas anda aflorado desde o último post (aquele dos Correios, lembram?), hoje vou falar sobre algo que me irrita igualmente. Porém, com um elemento novo: a revolta não é mais contra uma instituição, mas contra o que as pessoas fazem com as obras públicas.
Moro na cidade do Rio de Janeiro há quase 12 anos. Desses 12, há 11 eu possuo uma relação bem estreita com o bairro de Bangu. Foi lá que eu estudei nos meus últimos 5 anos de colégio, é lá que fica a primeira biblioteca pública que eu frequentei nessa cidade, os primeiros bares aos quais eu fui sozinha ou com amigos, enfim, faz parte da história da minha vida.
Quando eu fui estudar lá, em 2000, o bairro ainda não havia passado pela reforma urbana promovida pela prefeitura, num projeto que, à época, era chamado RioCidade. A região na qual eu estudava, bem no centro do bairro, era caótica: pontos de ônibus na porta de um supermercado de grande circulação; restos de verduras, frutas e peixes na principal avenida; trânsito ruim; comércio fraco e provinciano. Então, em fins de 2002, foi entregue a obra: o trecho da Avenida Ministro Ary Franco no qual o trânsito era ruim virou rua de pedestres; o calçadão que já existia na Avenida Cônego de Vasconcelos, do outro lado da linha férrea, foi ampliado; toda a extensão do calçadão, de ambos os lados, foi coberta, e nessas coberturas foram instalados climatizadores para os dias de calor (para quem não sabe, Bangu é o bairro mais quente do Rio de Janeiro). Porém, a grande novidade, mais do que os climatizadores (ou "desmanchadores de escova", para as mulheres) e os chafarizes em forma de gêiseres, era a escada rolante, na qual os pedestres poderiam subir até a passarela da estação de trem e, assim, se deslocar entre um e outro lado do bairro.
O que ocorreu a partir da entrega dessa obra certamente constará dos registros de algum colega de profissão (que a exerça, obviamente) - para quem não se lembra, eu sou historiadora - que vá escrever sobre a história de Bangu. O bairro viu o movimento nas suas ruas aumentar, o comércio se ampliou e modernizou, culminando com a inauguração, no fim de 2007, do Bangu Shopping, nas instalações da antiga Fábrica Bangu, que em 3 anos de funcionamento já teve uma expansão inaugurada. Grandes franquias que ainda não haviam se instalado na região abriram suas lojas, produtos que antes não eram oferecidos pelo comércio local apareceram, e assim cresceu mais um centro regional da Zona Oeste.
Porém, todo crescimento traz, além dos benefícios, alguns problemas. No caso de Bangu depois das obras do RioCidade, o principal problema afeta exatamente aquela que era considerada a melhor parte da obra: a escada rolante. Entregadores de panfletos, ao longo desses oito anos de fuuncionamento das escadas, posicionam-se diariamente nos seus acessos e ficam a distribuir seus papeizinhos, que são jogados no chão por quem os recebe, rolam para dentro do maquinário da escada rolante, entopem as engrenagens e... deixam as escadas sem funcionar.
Desde o início foi assim. No começo, eventualmente, uma das quatro escadas aparecia interditada para manutenção. Depois, passaram a interditar duas de cada vez. Até que isso deixou de ser eventual e passou a ser regular, e quando menos se esperou, as escadas pararam de vez, no fim de 2010. Agora, há no local uma placa da prefeitura dizendo que novas escadas serão entregues até o dia 31 de março deste ano, pois o nível de avaria chegou a um ponto que não há mais reparo que dê jeito.
Está quente, as pessoas reclamam de ter que subir pelas escadas com os próprios pés, os que necessitam mais usam os elevadores, e acredito que ninguém se sinta, de certa forma, responsável por essa situação. Não se lembram dos panfletos e outros lixos jogados ao chão, quando não custaria terminar de subir as escadas com eles e jogá-los na primeira lixeira da passarela. Assim, a falta de educação implica na perda de comodidade.
Espero, sinceramente, que quando as novas escadas forem inauguradas, haja uma fiscalização séria com relação ao lixo jogado nelas e nos acessos. Enquanto isso, as temperaturas sufocam, cansam até na sombra, e eu, que nunca jogo nada fora da lixeira, faço como na canção de Ana Carolina e "vou de escada, pra elevar a dor".

2 comentários:

  1. Lilla, confesso q só captei o título no final, alegorando elevar a dor com elevador. Não sabia q vc frequentava a biblioteca pública de Bangu. Como ela está, ruim? Acho q Bangu já tinha um ótimo comércio e a revitalização do centro não melhorou muita coisa. Qta as escadas rolantes, acho q agora com as novas a pop vai se policiar mais, talvez pq antes não sabia q seus panfletos rejeitados entopiam as gears (uma palavrinha em english pra exercitar sua memória, rs). A mãe do Thiago tem 1 metro e 47 e odeia ir do outro lado de Bangu a menos q passe pelo buraco do fain, pq faz muito esforço para seus cotocos de pernas subirem os imperiais degraus; e ela pesa 90 kg. Ah! Sugestion: Faça algum post sobre o Oscar 2011. Quais suas predileções; está por dentro ?

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  2. Marcos, já faz tempo que não vou à Biblioteca Cruz e Sousa. Frequentei muito quando estudava no MV1, isto é, até 2004, depois só fui lá eventualmente rever os funcionários. Na minha época era boa.
    Não tenho esse otimismo todo quanto à população ficar mais educada quando inaugurarem as escadas novas. Enfim, vamos esperar para ver...
    Sua sugestão de post sobre o Oscar está anotadíssima. Tenho acompanhado muito por alto, vou dar uma pesquisada com mais profundidade e ver o que dá para escrever. Mas, por enquanto, aposto em Cisne Negro para Melhor Filme (ainda não fui ver, mas pretendo fazê-lo em breve), Natalie Portman para Melhor Atriz e Colin Firth para Melhor Ator (ah, os ingleses...)

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